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Superação, luta pelos direitos e combate ao preconceito são realidades de quem tem autismo. Conheça a história do José Victor de Gurupi, um exemplo dessa realidade

José Victor mora em Gurupi, região sul do Tocantins, ele tem 18 anos, e a família só conseguiu o diagnóstico de que ele era autista quando tinha nove anos.

26/06/2024 às 10h58 Atualizada em 27/06/2024 às 09h32
Por: Redacão Fonte: Por: Thais Lira Jordão
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Superação, luta pelos direitos e combate ao preconceito são realidades de quem tem autismo. Conheça a história do José Victor de Gurupi, um exemplo dessa realidade

Segundo o Ministério da Saúde, o Brasil tem mais de 2 milhões de pessoas que já foram diagnosticadas com Transtorno do Espectro Autista (TEA). Muitas políticas públicas foram implantadas, porém, uma das maiores reclamações são direitos que não saíram do papel.  José Victor mora em Gurupi, região sul do Tocantins, ele tem 18 anos, e a família só conseguiu o diagnóstico de que ele era autista quando tinha nove anos.  

Segundo a Dayane Póvoa Mendes, mãe de José Victor, o filho foi diagnosticado com TEA nível de suporte 1, grau mais leve do transtorno dividido em vários níveis, onde os pacientes costumam apresentar dificuldades de comunicação, mas que não interferem nas relações sociais de forma notória. José Victor também possui transtorno de Déficit de Atenção (TDA) e Transtorno Opositor Desafiador (TOD), que a princípio pode assustar qualquer mãe, mas não a Dayane, que não consegue disfarçar a felicidade de inúmeras conquistas que já tiveram ao longo da vida de José Victor. 

Diagnóstico

A mãe do José diz que até os nove anos, idade em que ele foi diagnosticado com autismo, ele teve uma infância tranquila, com exceção de alguma dificuldade que ele apresentava, como fazer higiene pessoal, dar laços em shorts e cadarços, dificuldade para aprender dias do mês, semana e horas. Também apresentava uma ingenuidade elevada para idade, não entendia metáforas, não atendia quando era chamado, quase como se ele não ouvisse, além de ter pouca coordenação motora ao andar. A mãe revela que foi a partir desse momento que a preocupação aumentou e o direcionamento para profissionais especializados foi necessário.

Dayane explica que a rotina com o filho mudou totalmente devido ao tratamento necessário para amenizar o diagnóstico tardio. Acompanhamentos multidisciplinares, como psiquiatra, psicóloga, terapeuta ocupacional, foram fundamentais.

Conquistas 

Ter diagnóstico do TEA não significa que a pessoa terá limitações que vão fazer com que ele não consiga exercer nenhuma atividade, pelo contrário, as habilidades desenvolvidas surpreendem. Como no estudante José Victor, ele ficou em primeiro lugar na 2ª edição da Game Jam de Educação Fiscal, campeonato promovido pelo Governo do Tocantins, em dezembro de 2023. Os colegas da escola e a família ficaram orgulhosos. Os desafios para ele são crescentes, além dos diversos dons e talentos, terminou a educação básica e agora é estudante universitário do curso de artes visuais. 

Preconceito

A mãe do José Victor reforça que o preconceito devido ao autismo já diminui muito, e que a mídia e muitas políticas públicas ajudam para essa realidade. “Hoje está mais tranquilo, devido às divulgações nas mídias, redes sociais, onde estão dando mais ênfase no termo autismo. Porém, muitas pessoas ainda se assustam, sentem pena, acham que o transtorno é uma doença”. 

Para Dayane, a discriminação não está escancarada, ela está camuflada nas escolas, locais de trabalho, lazer e muitos outros ambientes. “Cabe a nós, pais e familiares, lutar cada vez mais nos engajando em associações, projetos que pretendem mostrar que o autista é um ser humano capaz de realizar suas funções normalmente, claro, dentro das suas limitações” disse Dayane. 

Instituto Via Autismo Gurupi

Em Gurupi várias frentes tentam ajudar neste trabalho, instituições, associações, trabalhos governamentais por meio de várias políticas públicas. Um dos trabalhos desenvolvidos é pelo Instituto Via Autismo, que atende cerca de 250 famílias.   O Presidente é o neuropsicólogo, Eduardo Andrade, que inaugurou o Via Autismo em janeiro de 2024. “A missão é acolher e orientar famílias no diagnóstico e direcionar os familiares ao acompanhamento adequado.  São realizadas ações para aproximar as famílias e fazer com que elas se tornem rede de apoio umas das outras”, explicou. 

Ainda segundo o presidente, apesar das conquistas, muito ainda precisa melhorar, como as políticas públicas, que na parte teórica é perfeita, mas, na prática, pouco é feito. Além disso, boa parte das famílias vive em situação de vulnerabilidade social. Elas não fazem nenhum tipo de tratamento, o diagnóstico demora muito e isso acaba agravando ainda mais a situação. 

Segundo o Ministério da Saúde, o TEA é um distúrbio caracterizado pela alteração das funções do neurodesenvolvimento, que alteram a comunicação, verbal ou não verbal, interação social e comportamental. No espectro autista existem alguns graus que podem ser leves, que apresentam dificuldades de adaptação, a níveis com total dependência para atividades do dia a dia por toda vida e é justamente por isso que o diagnóstico, quanto mais rápido for, mais eficaz será o resultado do tratamento. 

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